“Não, não tenho em mim todos os sonhos do mundo, como dizia aquele poetinha da periferia do mundo. Tenho apenas uma vala fétida, infectada e doente. Nela jazem projeções miseravelmente falsas, num grau que supera qualquer fabular. Aristóteles se riria se elas fossem chamadas ao menos verossímeis. Aí onde você vê um sol fulgurante há apenas um fastio do tamanho de uma vida num escritório. O único aspecto lapidar a lembrar é o que se assemelha à morte. E tudo é longe e cansa. Toda possibilidade de salvação é uma promessa irrealisável. E me detenho tão somente porque não sou mais capaz de encontrar palavras mais dilacerantes. A verdadeira poesia encontra sua realização num calar-se.”
Marc Soitraeil, Sob a Égide de Tártaro