A Equivocidade do propósito da Filosofia

Para que, afinal, serve a Filosofia? Se, de fato, a resposta positiva não é fácil – ou ao menos não é unívoca -, a resposta negativa acaba sendo a candidata mais óbvia. Ela não é x, não é y e não é z. Das variáveis anteriores, certamente uma delas será preenchida com “não é para ajudar a sua vida”. Talvez uma outra, mais “sofisticada”, seria preenchida por “nada tem a ver com o sentido da vida”. A maioria dos “filósofos profissionais” ou mesmo dos professores de filosofia concordaria com essas duas alternativas de resposta. Mas será que isso é tudo? Tom Stern acha que não.

Que nenhum – ou quase nenhum – professor de Filosofia arrogue para si o papel de sábio da montanha ou guru é um fato mais ou menos estabelecido. Com raríssimas exceções, nenhum filósofo atual apresenta-se como portador ou difusor de um estilo de vida a ser seguido ou, ainda, de detentor de respostas mais profundas ou sofisticadas para questões da vida. No entanto, isso se choca frontalmente não apenas com uma visão geral do que seja a Filosofia mas, ainda mais importante, choca-se contra a motivação para estudar Filosofia de muitas pessoas. Será que ela não deveria mesmo ter nada a dizer sobre tais temas? E é essa equivocidade do propósito da filosofia o tema do  belo ensaio de Tom Stern:

I teach an undergraduate class on Nietzsche, a philosopher who has a reputation for captivating young minds. After one class, a student came to see me. There was something bothering her. “Is it OK to be changed by reading a philosopher?” she asked. “I mean, do you get inspired by Nietzsche—do you use him in your life?”

You have to be careful about questions like this, and not only because the number of murderers claiming Nietzsche as their inspiration is higher than I would like. What the student usually means is: “Nietzsche mocks careful scholarship: Can I, in his spirit, write my paper however the hell I want and still get a good grade?” In this case, though, the student knew perfectly well how to write a scholarly paper. She wanted to do something else too: be Nietzschean!

Vale ser lido na íntegra.

G. Ferreira

Share
Published by
G. Ferreira

Recent Posts

Curso de Extensão Online – Compreender Filosofia

Depois de muitos anos recebendo alguns pedidos para um curso online de filosofia, vou oferecer…

3 anos ago

Apresentação – Depois de Hegel

Publico abaixo o texto na íntegra da apresentação à minha tradução do livro de Frederick…

4 anos ago

Entrevista ao Bunker do Dio

Em maio deste ano, tive o prazer de ser convidado pelo Dionisius Amendola, que capitaneia…

5 anos ago

Novo artigo sobre Kierkegaard (e Hegel, Heidegger e Trendelenburg)

Novo artigo aceito para publicação (a sair pela Revista Trans/Form/Ação - UNESP) sobre a leitura…

5 anos ago

O Sistema de Fases para avaliação

Procurando por artigos de Shamik Dasgupta em seu site, acabei clicando em uma de suas…

6 anos ago

A filosofia entre a arte e a ciência ou O desafio de Dennett

 Relendo a introdução do incrível “Ten neglected classics”, organizado por Eric Schliesser, topo de novo…

6 anos ago