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Comentário aos posts do Reinaldo

Reinaldo Azevedo, que é certamente está entre os melhores jornalistas do país, comentou aqui e aqui sobre o estúpido projeto do secretário da educação de São Paulo, Herman Voorwald, que pretende diminuir a carga de português e de matemática para incluir aulas de filosofia e sociologia. Comentei uma ou duas coisas, que reproduzo abaixo, e que acho importante serem ditas:

  1. Caríssimo Rei, vou por tópicos:

    1. Sem dúvida, diminuir a carga horária de português e matemática é uma afronta, sobretudo num estado – e num país – em que as universidades estão sendo obrigadas a dar aulas de reforço, vejam vocês, de português e matemática, para que seus alunos consigam acompanhar o curso que escolheram;

    2. Tenho pavor de ouvir que a filosofia tem como finalidade “despertar espírito crítico”. Que defende tal tese está veiculando uma tolice da qual nem se dá conta. Ou “a” finalidade do estudo da literatura é melhorar a escrita? Ou a das Artes Plásticas é, por excelência, aprender técnicas? A filosofia, como a literatura e as artes plásticas, não têm seus fins primários em si mesmas? Dizer que os estudantes precisam de filosofia para que tenham o tal do espírito crítico é, eo ipso, instrumentalizar a filosofia. O que nos leva a outro ponto;

    3. Também penso que precisamos de mais engenheiros que filósofos. E digo isso concordando não com o Tio Rei, mas com Platão. Ou é coisa diferente o que está dito na “República”? Mas justamente por isso não posso concordar com você, Reinaldo, quando fala no outro post que já temos filósofos e sociólogos demais. “De facto”, temos 10? Você sabe, não temos nem o suficiente! Quiçá sobressalentes! Acho sim que conhecer filosofia – por si mesma, por conta de uma existência que ao menos flerte com a contemplação intelectual – é algo importante para os jovens e para o país. Nunca em detrimento das demais disciplinas, como quer o secretário.

    Abraço.

G. Ferreira

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  • Puxa Gabriel, essa questão é a perfeita aplicação da metáfora do cobertor curto! Eu acho que sim, as escolas necessitam de mais Filosofia, mas antes de entrarem em aula penso que o trabalho dos filósofos deveria se iniciar com seus pares mestres de outras disciplinas (exato: os pedagogos não estão dando conta do recado). Nosso ensino esta corrompido pela ideologia e minado por uma variedade de metodologias “criativas” que ao final das contas atrapalham o processo de ensino. Como ensinar Filosofia para quem tem profundas dificuldades em leitura e lógica básica? Olha que coisa: Diminuímos a carga horária de Português em favor da Filosofia e os professores de Filosofia terão de forçosamente iniciar seus cursos ensinando a ler e escrever. Eu tive uma professora de História que perdia grande parte do seu tempo de correção de provas apontando erros de Português que simplesmente não poderia deixar passar sem comentários, o olha que isso foi há uns 30 anos! Você acha que a coisa melhorou de lá pra cá? Hoje soa tão bem dizer que é necessário fomentar o pensamento crítico de nossos jovens quanto soa ruim reforçar a necessidade de a tabuada esteja na ponta da língua. E uma pedagogia de frases de efeito.

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G. Ferreira

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