A acreditarmos no Magistério da Igreja, tal como exposto na Dominus Iesus, a gênese da Igreja se dá como se segue:
1. O Senhor Jesus, antes de subir ao Céu, confiou aos seus discípulos o mandato de anunciar o Evangelho a todo o mundo e de baptizar todas as nações: « Ide a todo o mundo e pregai o Evangelho a todas as criaturas. Quem acreditar e for baptizado será salvo, mas quem não acreditar será condenado » (Mc 16,15-16); « Todo o poder Me foi no céu e na terra. Ide, pois, fazer discípulos de todas as nações, baptizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinai-lhes a cumprir tudo quanto vos mandei. E Eu estou sempre convosco, até ao fim dos tempos » (Mt 28,18-20; cf. ainda Lc 24,46-48; Jo 17,18; 20,21; Actos 1,8).
A missão universal da Igreja nasce do mandato de Jesus Cristo e realiza-se, através dos séculos, com a proclamação do mistério de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, e do mistério da encarnação do Filho, como acontecimento de salvação para toda a humanidade.
Portanto, a Igreja é, essencialmente, missionária e tem como finalidade a conversão (metanóia) dos que não crêem no Cristo. Contudo, em uma entrevista recente D. Bernard Fellay faz uma terrível constatação: a Igreja tem abandonado seu dever de pregar a conversão. Há aqui vários elementos a serem propostos em uma reflexão séria:
1. Com base no processo de crescente subjetivação da posição religiosa, atualmente um discurso que pregue não só a existência de um valor de verdade absoluto mas que o arrogue para si é imediatamente desqualificado como possivelmente verdadeiro. O que surge é quase um axioma a partir de um paradoxo: um discurso que pregue a existência da verdade absoluta é, ipso facto, falso. Ora, mas é exatamente este o ponto de partida do conceito de Conversão. O núcleo da necessidade de se aderir ao Cristo e à sua Igreja é a realidade objetiva da Verdade que com a pessoa de Cristo se faz um só (Jo 14,6).
2. Desse modo, há uma postulação, também ipso facto, da absoluta equivalência entre todas as religiões a partir do Princípio de Imanência: se a religião tem como fundamento último um sentimento religioso e cada sentimento ou representação só pode ter um portador, segue-se que a religiosidade só é acessível por seu próprio portador o que inviabiliza totalmente a comunidade de objeto necessária para uma comparação de valores de verdade. Com isso, cai por terra, novamente, a idéia de Conversão.
3. Contudo, a Igreja não pode aceitar nem teológica nem filosoficamente tais princípios e pontos de partida. Daí advém o choque severo com a modernidade (cf. Pascendi Dominici Gregis). Mas por que então o élan para converter estaria se esvaindo?
Apenas para o estabelecimento de certos pontos a serem retomados posteriormente, dos quais podemos tirar algumas conclusões.
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meu querido amigo, o que constato in loco é que infelizmente não existe esse tal de diálogo inter-religioso, pior o que fazem por aí é um verdadeiro monologo inter-religioso, ou seja, padrecos e freirotas vão a esses encontros somente "ouvir" e se negam a falar algo sobre o catolicismo, afinal dizem eles: "não podemos impor nossa verdade e ofender nossos irmãos das outras religiões".
só rezando
KYRIE ELELISON, CHRISTIE ELEISON
Caro Amgigo!
"Mas por que então o élan para converter estaria se esvaindo?"
A pergunta é cortante e acredito que ela só poderá ser respondida no âmbito de um horizonte histórico, filosófico teológico e moral bem mais amplo do que geralmente vemos por aí. Os "elementos" que você propõe é o anúncio de um esforço desse tipo. Qualquer resposta apressada, nesse sentido, nada mais é do que meter os pés pelas mãos e não chegar efetivamente a lugar algum.
Pensando nisso, gostaria de indicar uma obra excelente sobre DOGMAS.
BERNARD SESBOÜÉ, SJ - História dos Dogmas. em 4volumes.São Paulo: Loyola.
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CHRISTIE ELEISON
Francisco