Em um dos posts anteriores em que comentei os casos de pedofilia na Igreja, também fiz referência à relação existente entre os casos de pedofilia e a conduta homossexual. Tal relação não é uma novidade interpretativa minha, mas algo que vem sendo falado e estudado de maneira bastante consistente. Contudo, há alguns comentários que vão ou no sentido contrário ao da referida relação ou, ainda, da impropriedade lógica de tal inferência. Pretendo aqui comentar as duas coisas.
1. SOBRE A IMPROPRIEDADE LÓGICA DAS RELAÇÕES ENTRE HOMOSSEXUALIDADE E PEDOFILIA.
De fato, sabemos que por meio de dados estatísticos um sem número de falácias são veiculadas e defendidas todos os dias. Assim, relações numéricas acabam, na mão de propagandistas, tornando-se índices fortes de relação causal. A própria declaração do Cardeal Bertone, a saber, de que a maioria esmagadora de casos de pedofilia na Igreja – em torno de 90% – se dava entre padres e crianças do sexo masculino, poderia servir para tal mau uso dos dados. Portanto, é necessário esclarecer algumas coisas.
Entre duas grandezas há diversas formas de relação. E não é sem razão que Hume chama a atenção para o nosso hábito de relacioná-las, em grande parte das vezes, em termos de causa e efeito. Desse modo, tendemos a restringir a miríade de relações (que podem ser de gênero, espécie, número etc.) àquela de causação. É importante lembrar que, mesmo a relação causal se diz de muitos modos, como já o lembra Aristóteles na Metafísica, muito embora cotidianamente nós a reduzamos ao sentido de causa eficiente. Mas vejamos mais de perto o caso da relação estatística citada, entre homossexualismo e pedofilia.
É notoriamente uma falácia, amplamente conhecida mesmo da lógica clássica, dizer que haja uma relação causal necessária entre dois eventos apenas porque se repetem simultaneamente em grande parte dos casos. É possível ilustrar o caso com a chamada falácia da afirmação do consequente:
Se X então Y
Y
Então X
ou algo como “Se chove, o chão fica molhado. O chão está molhado, logo choveu”. É claro que pode haver outra causa para a umidade do chão, tal como um acidente ou a umidificação artificial. Não se pode então dizer que há uma relação causal necessária entre o homossexualismo e a pedofilia. Há outras falácias que se poderiam desvelar, como dizer “Todo pedófilo respira oxigênio/ X respira oxigênio/ Então X é pedófilo. Tal argumento é visivelmente falacioso e não prova relação causal última necessária.
Dito isto, e afastado o erro, há outras coisas a se considerar. Como disse, há diversas formas de relação entre duas entidades que não a de causa. Assim, embora não seja uma relação estrita de causa e efeito necessária, pois nem é verdade que todo homossexual seja pedófilo nem que todo caso de pedofilia é cometido por um suejito homossexual, estabelecer uma ligação entre dois eventos ou elementos que repetidamente se dão simultaneamente não é ilógico. Note-se novamente que a relação não precisa ser necessariamente de causa.
No início da epidemia de AIDS, tínhamos a famigerada noção de “grupos de risco”, ou seja, havia grupos em que a incidência de casos de infecção por HIV era maior, a saber, homossexuais, usuários de drogas injetáveis e hemofílicos. Novamente, a relação não é de causação estrita: ser homossexual, usuário de drogas injetáveis ou hemofílico não é condição sine qua non para ter AIDS (do mesmo modo que ser homossexual não é condição sine qua non para ser pedófilo. Note-se, que nem ser padre, nem ser celibatário…). Tanto o é que a própria noção de grupo de risco foi oficialmente substituída por aquela de “comportamento de risco” (veja aqui no próprio site do Governo Federal sobre a doença) já que atualmente a incidência de infecção extrapolou os referidos grupos (é possível pensar que a noção de grupo de risco seja associada ao caso em que apenas determinado grupo esteja sujeito à doença, como se pode dizer que apenas mulheres são sujeitas ao câncer de colo de útero, por exemplo).
Entretanto, embora não se possa relacionar causalmente os grupos de risco com os casos de HIV, a ligação e, inclusive a maior cautela com tais grupos era (ou ainda é) ilógica ou irracional? Não era absolutamente visível a co-incidência entre ser membro de um daqueles grupos e estar mais exposto à infecção por HIV? Porque não há uma relação causal estrita e necessária a inferência de que se deveria afastar-se do comportamento de tal grupo é irracional?
2. SOBRE A MAIOR INCIDÊNCIA DE CASOS DE PEDOFILIA ENTRE HOMOSSEXUAIS
Há numerosos estudos sérios sobre as relações entre homossexualismo e pedofilia. Como ponto de partida para o levantamento da bibliografia, cito dois:
– O estudo de K. Freund e R. J. Watson, da Universidade de Toronto, cujo abstract reproduzo abaixo:
Previous investigations have indicated that the ratio of sex offenders against female children vs. offenders against male children is approximately 2:1, while the ratio of gynephiles to androphiles among the general population is approximately 20:1. The present study investigated whether the etiology of preferred partner sex among pedophiles is related to the etiology of preferred partner sex among males preferring adult partners. Using phallometric test sensitivities to calculate the proportion of true pedophiles among various groups of sex offenders against children, and taking into consideration previously reported mean numbers of victims per offender group, the ratio of heterosexual to homosexual pedophiles was calculated to be approximately 11:1. This suggests that the resulting proportion of true pedophiles among persons with a homosexual erotic development is greater than that in persons who develop heterosexually. This, of course, would not indicate that androphilic males have a greater propensity to offend against children.
A razão de 11 para 1 não pode ser considerada desprezível.
– Veja-se ainda o estudo de Steve Baldwin, com quantidade assombrosa de referências a estudos e análises que chegam a apontar taxas ainda maiores.
3. SOBRE A PROPAGANDA PEDÓFILA HOMOSSEXUAL
Aqui a coisa fica deslavada: não acredite em mim, visite o site da NAMBLA.org (North American Man-Boy Association) uma associação destinada a propagar a relação pedófila homossexual. Visite a seção “Who we are”, bem como o “FAQ”. A associação se autodescreve como se segue:
NAMBLA’s goal is to end the extreme oppression of men and boys in mutually consensual relationships by:
building understanding and support for such relationships;
educating the general public on the benevolent nature of man/boy love;
cooperating with lesbian, gay, feminist, and other liberation movements;
supporting the liberation of persons of all ages from sexual prejudice and oppression.
Our membership is open to everyone sympathetic to man/boy love and personal freedom.
Durante 10 anos a NAMBLA foi associada à ILGA – International Lesbian and Gay Association que, em 1993 tornou-se membro consultivo da ONU em assuntos referentes à homossexualidade.
Faço referência ao artigo de Júlio Severo em que ele recolhe várias citações sobre a agenda pedófila de entidades e associações homossexuais. Embora não concorde com todas as inferências, é inegável o farto recolhimento de material.
Por fim, lembre-se que não se trata de tentar combater a (baixa) incidência de casos de pedofilia entre membros do clero com a “simples” acusação de que o problema é a homossexualidade. Trata-se de identificar uma tendência que, embora não se possa afirmar que exprime causa direta e necessária, constitui ao menos uma relação de gênero: são duas perversões sexuais que comprovadamente costumam se acompanhar; duas inclinações a hábitos sexualmente desordenados que, se poderia dizer, brotam de uma mesma concepção de como fazer uso da própria sexualidade.
Muito bom artigo.
A sexualidade, quando desregrada, não possui qualquer tipo de limites. Homossexualismo e pedofilia são apenas duas desordens entre várias outras.
“quem ataca a Igreja a esse propósito (pedofilia)está utilizando, contra ela, um valor a ela pertencente, e está implicitamente reconhecendo que ela é inatacável a partir dos contravalores do mundo.” p.11
Vi aqui:
http://www.arautos.org/desagravo/documento.pdf
É um pouco grande o texto mas fala (também) da construção da Igreja da nossa moral e sobre esses recentes ataques.