Artigo Pastoreando – 10

 

Desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia

anastasisO quinto artigo da nossa Profissão de Fé é, talvez, aquele que mais nos parece obscuro mas que,  no entanto, apresenta o mistério central de nossa Salvação e que por isso deve ser contemplado e meditado em toda sua imensa extensão de significado. Como nos diz São Paulo, “se Cristo não ressuscitou, vã é nossa fé” (1Cor. 15,17).

Como se pode notar há duas verdades veiculadas neste artigo que, embora possamos dividir para melhor explicar, estão intimamente ligadas.

A primeira diz respeito à descida de Jesus Cristo à mansão dos mortos. Com a Paixão e Morte do Senhor em vista de sua Ressurreição, a própria morte é aniquilada e as portas do Céu nos são abertas definitivamente. Assim, a Igreja ensina que é para abrir também as portas aos mortos que O precederam que afirmamos a descida de Jesus à morada dos mortos. Os efeitos salvíficos do Cristo são, portanto, atemporais, isto é, não se limitam como todos os outros eventos, ao presente em que ocorrem e ao futuro que se dá a partir deles, mas estende-se por toda a extensão da história da humanidade, inclusive para aqueles que O precederam a fim de que todos conheçam o Verbo Encarnado para nossa Salvação. Sua visita aos mortos que para nós é tempo de silêncio e vigília, corresponde no ciclo litúrgico ao Sábado Santo.

A segunda e gloriosa verdade deste artigo é a Ressurreição do Senhor, propriamente dita. Com ela consuma o Tríduo Pascal e o projeto amoroso de Deus para nós. Ela marca o ápice dos tempos. A Ressurreição é a declaração definitiva de Deus ao gênero humano: ao problema da morte, recebemos a resposta da vida plena, cujo sinal já nos era apresentado na abertura das sepulturas quando da Crucificação (cf. Mt. 27,52) e à questão do afastamento de Deus, está dada a supressão do pecado e a Aliança eterna com Ele para que sejamos partícipes da natureza divina (1 Pd. 1,4), já vislumbrada na ruptura do véu do Santuário (cf. Mt. 27,51). Assim, Deus está plenamente acessível a todos nós para que, tomando parte da Aliança por Cristo Jesus, possamos gozar da Vida e do Amor que nunca se esgotam.

Um abraço.

Gabriel Ferreira

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