Por vezes alguns bispos nos fazem ter orgulho do episcopado nacional. Em artigo recente no site da Arquidiocese de Niterói, D. Roberto Francisco Ferrería Paz justifica a proibição das palmas na celebração da Santa Missa. É um gesto de retidão e respeito à liturgia. Reproduzo o texto abaixo:
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Por que restringir o uso de bater palmas na missa?
Primeiramente porque não existe o gesto litúrgico de bater palmas, a única referência que a CNBB autoriza como facultativo é no rito de ordenação depois de ser aceito o candidato, que como podemos apreciar não é um contexto celebrativo.
Porque não se adequa a teologia da Missa que conforme a Carta Apostólica Domenica Caena de João Paulo II do 24/02/1980, exige respeito a sacralidade e sacrificialidade do mistério eucarístico: “0 mistério eucarístico disjunto da própria natureza sacrifical e sacramental deixa simplesmente de ser tal”. Superando as visões secularistas que reduzem a eucaristia a uma ceia fraterna ou uma festa profana. Nossa Senhora e São João ao pé da cruz no Calvário, certamente não estavam batendo palmas.
Porque bater palmas é um gesto que dispersa e distrai das finalidades da missa gerando um clima emocional que faz passar a assembléia de povo sacerdotal orante a massa de torcedores, inviabilizando o recolhimento interior.
Porque o gesto de bater palmas olvida e esquece duas importantes observações do então Cardeal Joseph Raztinger sobre os desvios da Iiturgia : “A liturgia não é um show, um espetáculo que necessite de diretores geniais e de atores de talento. A liturgia não vive de surpresas simpáticas, de invenções cativantes, mas de repetições solenes. Não deve exprimir a atualidade e o seu efêmero, mas o mistério do Sagrado. Muitos pensaram e disseram que a Iiturgia deve ser feita por toda comunidade para ser realmente sua. É um modo de ver que levou a avaliar o seu sucesso em termos de eficácia espetacular, de entretenimento. Desse modo, porém , terminou por dispersar o propium litúrgico que não deriva daquilo que nós fazemos, mas, do fato que acontece. Algo que nós todos juntos não podemos, de modo algum, fazer. Na liturgia age uma força, um poder que nem mesmo a Igreja inteira pode atribuir-se : o que nela se manifesta e o absolutamente Outro que, através da comunidade chega até nós. Isto é, surgiu a impressão de que só haveria uma participação ativa onde houvesse uma atividade externa verificável : discursos, palavras, cantos, homilias, leituras, apertos de mão …. Mas ficou no esquecimento que o Concílio inclui na actuosa participatio também o silêncio, que permite uma participação realmente profunda, pessoal, possibilitando a escuta interior da Palavra do Senhor. Ora desse silêncio , em certos ritos, não sobrou nenhum vestígio".
Finalmente porque sendo a Iiturgia um Bem de todos, temos o direito a encontrarmos a Deus nela, o direito a uma celebração harmoniosa, equilibrada e sóbria que nos revele a beleza eterna do Deus Santo, superando tentativas de reduzi-Ia a banalidade e a mediocridade de eventos de auditório.
+ Dom Roberto Francisco Ferrería Paz
Bispo Auxiliar de Niterói
(Via Ignem In Terram)
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Puxa vida, como é bom ler boas coisas na internet. Gostei muito deste blog. Vou favoritá-lo. Aqui tem coisas para um ano de leitura.
Desculpe o comentário fora do assunto, mas venho avisar de um Simpósio que ocorrerá na Faculdade Jesuíta (FAJE)em BH com o tema "ciência - filosofia - teologia: diálogos possíveis."
Para maiores informações acessem o site:
http://www.faculdadejesuita.edu.br/
Como é bom saber dessas notícias....
Eu moro perto de Araçatuba, interior de São Paulo, e aqui estamos dominados por Padres da Teologia da Libertação, infelizmente......
Pois é Eduardo. Por vezes é difícil resistir. Mas aqui e ali aparecem os corajosos.
Um abraço e obrigado pelo comentário.
G.
A Igreja existe para servir a humanidade ajudando-a a encontrar a salvação em Jesus Cristo, nosso Senhor.
Como servidora, deve estar atenta as necessidades das pessoas e dos povos. Precisa ver a dimensão antropológica da liturgia favorecendo ritos e gestos que ajudem as pessoas a celebrar a própria fé.
Entendo que na missa, quando se batem palmas, não se fica batendo palma o tempo todo. Há determinados momentos em que isso acontece, como por exemplo o canto de entrada, a aclamação do Evangelho, o santo etc...
A liturgia serve mais para o humano do que para o divino. A rigor, Deus não precisa de nossos louvores. Mas nós precisamos louvar o seu amor por nós.
Claro que não defendo exageros litúrgicos. Mas penso que a festa é um dado antropológico fundamental. Ora, a missa não é só sacrificio. É também ceia e memorial. Não estamos celebrando a morte, mas a vida que vem da morte: a ressureição. Se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé!
Como não vou me alegrar ao descobrir que minha fé, me leva a acreditar na vitoria da vida sobre a morte?
As missas podem sim expressar nossa alegria em celebrar a salvação! Não podemos viver esse mistério de amor cheios de medo e tristeza.
Repito. Não sou a favor de um oba-oba liturgico. Mas penso que devemos saber integrar a dimensão antropológica da festa, da alegria e das palmas também na liturgia. Claro que tudo no momento certo e na medida certa.
Entendo que existem desvios terríveis. Sei que a missa não é show e que o padre não é um animador de auditório. Contudo, vivemos num mundo midiático e porque não podemos aprender com ele, não para trair, mas pra mostrar também atraves deste canal a beleza da liturgia?
Na teoria tudo é belo e dá certo. Mas na prática...
Precisamos celebrar dar vida a nossa fé, expressões plasticas talvez nos ajudem nesse sentido.
Finalmente, a Igreja é católica. Porque não podem existir em seu seio manifestações diversas que sem mudar o essencial sabem trabalhar aquilo que é acessório?
Não existem diversos ritos? Eles não existiram sempre. Tiveram um começo e poderão ter um fim. Entendo que os diversos ritos são para nos ajudar e não para nos atrapalhar. Surgiram em determinados contextos e baseados em determinadas teologias.
De qualquer forma, penso que o mais importante em toda essa discussão é saber se a liturgia que celebramos nos leva a ser hóstias vivas. Ou vamos nos esquecer em nome do rubricismo do espírito das leis? Deus é vida. Se a liturgia não tem vida, se é morna, sem graça e vazia aonde iremos chegar?
Será que a alegria das palmas só serve como sintoma de desvio e distração e não pode ser entendida como sinal de alegria interior e de vida espiritual?
Sem qualquer pretensão em polemizar, deixo a todos minha saudação fraterna e respeitosa.
Analisando o que a nossa Santa Igreja ensina, e Que o Renato comenta, penso que eu englobado no numero dos leigos existentes, mas sei que a maioria de nossos católicos são ignorantes, e se deixam influenciar pelas Missas eufóricas não levando dentro de seu coração a palavra de Deus deixando assim o real resultado que seria a missão depois da Missa. Missa é alimento e hoje temos muitos alimentos que nos matam a fome mas não nos sustentam! Perdemos muitos católicos hoje por que não são sustentados na fé! Talvez porque sairão eufóricos das Missas mas não com a alegria de receber a palavra de Deus!
Caríssimo Renato.
Compreendo o fundo do que você diz. Entretanto, há outras coisas a considerar. Prometo que, tão logo o tempo me permita, escrever algo a mais a respeito da liturgia. Peço que continue retornando ao blog e comentando. É sempre muito bem-vindo.
Abs.
G.
Uma coisa não pode ser proibida e é devida: aplaudir esse bispo.
Que falta faz um desse aqui.