A humanidade irá preferir renunciar a todas as questões filosóficas – no Marxismo ou positivismo de todas as cores – a aceitar uma filosofia que encontre sua única resposta final na revelação de Cristo. Cristo enviou os seus discípulos como ovelhas no meio de lobos. Deveríamos meditar sobre esta comparação, antes de fazermos um pacto com o mundo.
(Card. H. U. von Balthasar, Communio 4 (1988) p. 309), citado a partir daqui.
É o próprio Senhor que o diz: “Eis que vos envio como ovelhas no meio de lobos” (Mt 10,16). Assim, por contraposição, a imagem do Cristo – e por similitude, do clero que deveria zelar e conduzir retamente – é a do Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas (cf. Jo 10,11). Contudo, não é raro presenciarmos padres e, por que não dizer, bispos que, subvertendo a vocação do Senhor, agem como lobos que espantam e parecem trabalhar sistematicamente para destruir o rebanho.
Hoje mesmo, encontrei uma ex-aluna da minha turma de Catequese de adultos que me contava da sua traumática experiência no Curso de Noivos. Segundo ela, o sacerdote (já conhecido por mim e responsável por grandes bobagens que já foram comentadas por aqui) falou sobre as relações entre os homens e as mulheres no hinduísmo (!!!) e sobre como não é preciso ser católico para bem viver o matrimônio (!!!).
Para além do óbvio, o que horroriza é a completa inversão do papel do sacerdote, desprezando seu dever de ensinar e instruir. Ainda segundo minha ex-aluna, que é fonte bem confiável, o padre sequer tangenciou a explicitação do sacramento e da visão da Igreja sobre a união de um homem e de uma mulher. A isso, preferiu tecer longos comentários sobre a importância do toque e do carinho, como só uma das retardadas apresentadoras de programas vespertinos sabe fazer.
Agora, veja outra situação: tenho um casal de amigos muito queridos. Ambos poderiam ser ditos ateus. Assim, não pretendem se casar na Igreja, por uma honestidade intelectual, moral e, porque não dizer, espiritual, que respeito muito. Contudo, em diversas conversas agradabilíssimas que tivemos, estes dois sabem exatamente que o Matrimônio é índice do amor de Deus para com o gênero humano e de Cristo por sua Igreja e que, justamente por isso, é elevado pelo Senhor mesmo, à dignidade de Sacramento (ou sinal sensível da Graça invisível instituído para nossa justificação, como o declara o Concíclio de Trento). Em outras palavras, sabem mais do que todos os que fizeram o famigerado curso de noivos.
Note bem, embora eu seja catequista e tenha assumido como chamado pessoal o convite de São Pedro (“Estejais sempre prontos a dar razão de vossa fé a todo aquele que vo-la pedir (Pd. 3,15), não cabe a mim, primeiramente, o múnus de ensinar. Ele é do Bispo e, por extensão, dos presbíteros. São eles que deveriam, como diz Chesterton, manter erguidos os muros que permitem que as crianças brinquem sem caírem no abismo. Mas na prática, muitos deles fazem diferente. São pérfidos detratores que deveriam ser, no mínimo impedidos de falar, pois jamais serão dignos do pastoreio à imagem do Cristo.
Caro, se eu bem compreendi seu texto, dou-lhe razão. Não te digo que sou catolico, mas espero ser um cristão bem desgarrado. Tenho ciencia que minha fé esta no patamar infantil devido a falta de um guia. Nunca tive uma fonte que me servisse de informações sobre a religião. Me lembro de ter sido “convidado” a me retirar da catequese por que fazia muitas perguntas e dai em diante acabei deixando a igreja em outra prioridade.
Caríssimo Tiago.
De fato o seu comentário exprime dois elementos fundamentais nesta conversa. Por um lado, uma inclinação sincera e a curiosidade e o interesse fundamental em ver respondidas suas questões. Por outro, a extrema inaptidão dos catequistas ou mesmo, como você pode perceber, de alguns padres, para lidar com tais inclinações e interesses. Por fim, a conclusão não pode mesmo ser outra senão a que aconteceu com você, ou seja, o afastamento.
É realmente uma pena que as coisas sejam assim. Seja bem-vindo às leituras por aqui e palpite sempre que quiser, por aqui ou pessoalmente.
Abração.
Tiago, você pode ter sido ´convidado` a se retirar da catequese, mas quem o convida desta vez, é o próprio Deus, que o espera com toda Sua Misericórdia. Se tiver tempo,leia e medite o Evangelho de São Lucas 15,1-32.