Por vezes eu quase me canso de comentar bizarrices da imprensa. Mas por vezes eles se superam e alimentam meu ?nimo. Circula por a? um sem-n?mero de not?cias sobre os novos pecados capitais – que estariam inclusive numa lista – que teriam sido divulgados pela Igreja.
O papa j? lan?ou duas enc?clicas bel?ssimas, repletas de espiritualidade e erudi??o que mal ganharam notas nos jornais. Entretanto, a sanha eclesioclasta da imprensa se hipostasia at? sob a forma de surpresa e admira??o, nos coment?rios que t?m acompanhado as not?cias. Vamos a algumas palavras:
1. A Igreja n?o publicou uma nova lista de Pecados Capitais: segundo a ZENIT, ag?ncia de not?cias cat?licas, v?-se que houve um erro grosseiro na interpreta??o das palavras de Dom Gianfranco Girotti, que apenas discorreu sobre novas formas de pecados que se mostram atuais, como os derivados das manipula??es gen?ticas e das novas configura??es s?cio-econ?micas presente no mundo atual. Aqui cabe uma explicita??o retirada do blog de Felipe Aquino:
Na semana de 10 a 15 de mar?o realizou-se no Vaticano um curso de atualiza??o para sacerdotes sobre o Sacramento da Confiss?o, patrocinado pela Penitenci?ria Apost?lica do Vaticano. Em entrevista ao jornal do Vaticano L?Osservatore Romano, o respons?vel pelo Tribunal da Penitenci?ria Apost?lica, Monsenhor Gianfranco Girotti falou de outros pecados do mundo moderno, no contexto da globaliza??o: manipula??o gen?tica, o uso de drogas, a desigualdade social, a polui??o ambiental, pedofilia, etc.. Em nenhum momento o Mons. falou em Pecados Capitais; quem fez esta refer?ncia foi a Imprensa por sua conta.
Derivar da? uma “lista oficial” s? pode vir do impulso sensacionalista que forja informa??es para vender jornal.
2. Aqui o que penso ser mais importante: desde a Pascendi Dominici Gregis, passando pela brilhante Dominus Iesus, a Igreja tem se empenhado em combater os pressupostos de um modernismo que, como j? se vislumbrara, lan?a bases profundas para um secularismo pernicioso que sustenta a quase totalidade do “politicamente correto” (que tem, entre outros desdobramentos, a eclesioclastia da imprensa…) em rela??o ao meio-ambiente, por exemplo. Ora, o fundamento da mensagem da Igreja ? a necessidade da rela??o com o Cristo, por meio da vida de f? eclesial, tendo em vista a salva??o dos homens. ? isto, portanto, o que sempre subjaz ? cr?tica ao pecado enquanto estes se apresentam como a??es e pensamentos que promovam o rompimento de tal rela??o. Assim, v?-se claramente o porqu? da aclama??o da “nova lista”: ela se coadunaria – em grande parte – com as diretrizes morais de um modernismo “politicamente correto” e o faria sem exibir a refer?ncia sempre “desagrad?vel” da salva??o em Jesus Cristo, que costuma acompanhar os posicionamentos da Igreja. Estaria par e passo com os preceitos considerados “legais” e positivos por aqueles que parecem se importar com o pr?ximo e com o meio ambiente sem “apelar” para “coisas de religi?o”, que devem sempre permanecer aqu?m de quest?es t?o fundamentais como as esp?cies em extin??o. Mas ser? que ? esse o cerne, de fato, da mensagem da Igreja e do Cristo?
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