Há alguns padres que deveriam simplesmente se calar. Não querer ensinar nem oralmente nem por escrito. Alguns padres são um mau exemplo, sobretudo no Ano Sacerdotal.
Embora eu esteja preparando um post maior sobre outro assunto, não pude deixar de escrever algumas coisas sobre um texto que, embora seja do dia 1º de setembro, só li hoje. Refiro-me ao artigo Religiões evoluídas, do Padre José Fernandes de Oliveira, o Pe. Zezinho, scj. O texto do presbítero está naquela categoria de escritos com tantos erros que fica difícil escolher por onde começar a crítica.
A tese central – simplesmente medonha – do padre é que, analogamente ao que aconteceu com os avanços tecnológicos e científicos, há nas religiões um movimento em direção ao progresso. Assim, se houve um progresso em relação aos meios de transporte (bigas, carroças e carros)
Acontece o mesmo com as religiões. Primeiro vieram as religiões politeístas, depois as monoteístas, embora haja quem prove o contrário. Segundo eles , primeiro viveu-se o monoteísmo que acabou em politeísmo. Seja como for, vieram as novas versões.
E ainda:
E apareceram as que achavam as certas, as melhores, as eleitas, as únicas. Depois veio o ecumenismo que é uma forma inteligente de crer e discordar sem ofender. Nenhuma se achou igual à outra. Todas aprenderam a conviver e, finalmente, descobriram que a melhor religião é aquela que ensina os fiéis a dialogarem.
Segundo o padre, tal evolução chegará, enfim ao estado em que
Entre as melhores está aquela que mais defende a vida, mais cuida dos sofredores, mais ensina a compreender, mais dialoga e mais aberta está para com o mundo e com todos. Nenhuma delas é moderna o suficiente, mas as que mais dialogarem serão evidentemente as mais avançadas e modernas. As religiões ditatoriais, impositivas, mágicas, cheias de garantias, curas, promessas e milagres ainda existirão, mas serão como as máquinas antigas sem peças de reposição, porque terá acontecido uma forma moderna de crer: o diálogo com Deus e com todas as vidas que nos cercam.
Se a insanidade do sacerdote não ficou evidente, vamos aos comentários:
1. Evolução? Tanto a comparação com os avanços tecnológicos quanto a própria idéia de progresso das crenças são extremamente infelizes. Basta perguntar, como diz Chesterton, em direção a que estamos evoluindo. Caso não haja um paradigma fixo em relação ao qual o progresso possa ser medido, simplesmente isso não pode ser dito progresso. Deste ponto de vista, o próprio processo de industrialização pode ser altamente questionável como progresso do ponto de vista ético, por exemplo. Quando a questão é em relação ao Cristianismo, sobretudo dito por um padre, fica bizarro.
A não ser que São Paulo seja um tolo, Jesus Cristo é a plenitude dos tempos (Gal. 4,4). A importação de um positivismo comteano para o domínio da religião conduz, se não necessariamente ao menos principalmente, a que “the statue of Humanity will have as its pedestal the altar of God” (Comte citado por Henri de Lubac, The drama of atheism humanism, p. 172). É portanto em Cristo que se dá a Nova e Eterna Aliança em relação à qual nenhuma evolução se faz necessária. Contudo, note que, a aceitar o argumento chestertoniano, o padre só pode continuar dizendo que um dia chegaremos a uma religião evoluída se ele tem em mente outro télos (finalidade) ao qual devemos nos aproximar o que, obviamente, deve abandonar o “antigo” paradigma.
2. Qual evolução? Em resumo, a religião mais evoluída será aquela mais moderna, segundo o padre. Por modernidade religiosa o sacerdote parece entender a profusão de diálogo, uma compreensão mais aberta do mundo (???) e que, ponto crucial que é o pressuposto de todos os outros, que abandone a pretensão de ser a certa, a eleita, a melhor e a única.
Devemos começar dizendo que, em ao menos um ponto ele acerta, a saber, a denominação daquilo que prega como “modernismo”. É exatamente a tese (herética) de fundo que já em 1907, em sua monumental Pascendi Dominici Gregis, São Pio X chamava “modernismo”. Para tal postura, no que diz respeito às fórmulas religiosas
(…) Não é portanto de nenhum modo lícito afirmar que elas exprimem uma verdade absoluta; portanto, como símbolos, são meras imagens de verdade, e portanto devem adaptar-se ao sentimento religioso. (…) Assim, pois temos o caminho aberto à íntima evolução do dogma.
Eis aí um acervo de sofismas, que subvertem e destroem toda a religião!
Aquilo que, em resumo, afirma o Pe. Zezinho é que uma religião é tanto melhor quanto abre mão de ser a correta. Dito de outro modo, a religião mais evoluída é aquela que abriu mão da Verdade e se abre para o mundo, o que dá na mesma, o que para nós equivale a abrir mão do Cristo que se apresenta como a própria Verdade (Jo 14, 6).
Dessa forma, o padre só faz confirmar a leitura cada vez mais secularizada que o próprio clero faz da Igreja. Ela deve se adequar ao invés de se opor posto que ela já não veicula mais um discurso objetivo e verdadeiro sobre o real. Cabe então a ela, se quiser sobreviver “no mundo”, conformar-se ao “espírito do tempo” mesmo que isto lhe custe a Verdade. No fundo, o que ocorre é uma migração semântica da Verdade, que se traslada do Cristo para a dóxa do tempo (o que, ao longo da flutuação cada vez mais rápida do que a história toma por verdadeiro e correto, assemelha-se mais a uma promiscuidade semântica).
Em suma, o alerta de São Pio X ecoa ainda hoje carregado de sentido:
E o que exige que sem demora falemos, é antes de tudo que os fautores do erro já não devem ser procurados entre inimigos declarados; mas, o que é muito para sentir e recear, se ocultam no próprio seio da Igreja, tornando-se destarte tanto mais nocivos quanto menos percebidos.
São Pio X, ora pro nobis!
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como se diz, se conhece o fruto pela árvore. Esse senhor é árvore que deu o fruto Fábio de melo. então o que poderíamos esperar dele ? nada melhor do que isso; e tudo pior do que isso.
Caríssimo Ítalo.
Sabe que só me dei conta de tal filiação a partir do seu comentário. Geralmente, em linhas gerais, eu respeitava o Pe. Zezinho, mas depois dessa, perdeu crédito. Ainda mais pelos "filhos"...
Abraços.
Caro amigo
Uma única palavra define o que são pe Zezinho, pe Fábio de Melo, pe Joãozinho, pe Marcelo Rossi e o famigerado Jonas Abib: HEREGES! Infelizmente eles não representam nem a "ponta do iceberg" do clero corrupto, embora contribuam significativamente com a confusão dos tempos hodiernos. Nos resta rezar e denunciar estes lobos, embora sejamos a parte dicente da Igreja... "qdo a parte docente (clero) não cumpre sua parte cabe a nós leigos o encargo de ensinar e defender a fé".
Recentemente o pe Fábio de Melo negou a presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo na Eucaristia e colocou dúvidas na Ressurreição de Jesus como fato histórico... isso para não falar um monte de besteiras que este padre fala em rede nacional (Adivinha? Canção Nova)num programa em que é apresentador. Acho que o botox afetou os neurônios deste sacerdote. Em sua defesa sempre o "combativo" pe Joãozinho que parece ter feito doutorado por correspondência, pois tem "argumentos" tão frágeis que com um pouquinho de perspicácia até uma vovozinha analfabeta consegue derrubar. Uma vergonha!!!
Nossa Diocese continua ordenando padres deste calibre... fazer o que se não rezar... denuncias foram feitas, mas nossos "pastores"(?) continuam persistindo no erro. As denuncias agora devem ser dirigidas aos orgãos competentes da cúria romana.
Ainda bem que temos um grande papa: ouso dizer o melhor desde Pio XII. Rezemos pelo heróico Bento XVI...
leia um belíssimo artigo escrito pelo padre Elilio "Autoridade papa fica de pé" postado em 26/12/2009 no blog do pe Elilio http://padreelilio.blogspot.com/
Um forte abraço
Lucas A. de Lima
Aconselho a quem idealizou este blog a que mude o seu nome para o blog dos infalíveis, ou o blog dos neo fariseus. Aqueles que tem a posse da verdade, que conseguiram acorrentar Deus em seus dogmas - quanta presunção ! "em verdade, em verdade vos digo, que as prostitutas os precederão no reino dos céus ".Vocês devem sentir muita saudade da inquisição. Só assim queimariam pe.zezinho e tantos outros "hereges do diálogo, do respeito a outras formas de manifestações religiosas".
Senhores, já que vocês estão no Paraíso, orai por nós aqui embaixo, pecadores !
Prezado Silvino
Caso você tivesse compreendido o problema do texto e contra-argumentado, eu responderia. Como você simplesmente vomitou suas bobagens... Mas garanto que, atendendo a seu pedido, vou orar por você.