O meu amigo Francisco Razzo republicou um post escrito há dois anos, por ocasião de outras eleições, no qual declara seu voto nulo.
Abaixo, publico um meu pequeno comentário.
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Caríssimo Francisco,
Pela primeira vez na vida, não vou votar. Estou longe do meu “domicílio eleitoral”. Isto também tem me levado a algumas considerações sobre esta atividade um tanto nefasta que é dizer que alguém tem o mando sobre si mesmo e sobre os outros. Sobretudo porque, como dizia Kierkegaard, vivemos cada vez mais num mundo no qual a verdade se decide por enquete; a tese que tem mais votos é, por isso, a mais verdadeira. Contudo, a acreditarmos em Tocqueville, um dos maiores favores que se pode fazer à democracia é criticá-la. Justamente por isso, num país em que o voto é obrigatório e as posições políticas são, na verdade, uma e a mesma, vivemos num tempo interessante no qual a justificativa do voto – ou do não-voto – acaba tendo valor maior do que o voto ele mesmo, na medida que, só através dela se explicita o motor primeiro e fundamental de toda atividade politica que é a consciência individual.
Assim, mais importante que o “valor de face” do voto, deveria ser – novamente, sobretudo nestes tempos – a capacidade de “dar razão” do voto. Não apenas porque é uma tomada de posição frente aos outros, mas porque o “dar razão” é a efetivação da capacidade humana por excelência, da qual a vida em sociedade deveria ser uma das emanações assintoticamente mais fiéis.
Abraços.
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