Hoje, o Minist?rio da Sa?de lan?ou a nova campanha federal de combate a AIDS. Como o pr?prio MS diz, ela ? voltada para “homens que fazem sexo com homens (HSH) e travestis”. Sob este aspecto, a iniciativa ? interessante j? que, segundo estudos realizados, a taxa de incid?ncia da doen?a neste grupo praticamente dobrou em 10 anos. Ora, como j? sabemos, as campanhas contra a AIDS n?o prezam pelo bom gosto, tampouco pela seriedade, sempre levando o assunto para o terreno das piadas e gracejos (ou n?o ? isso o que ocorre aqui e aqui?). Mas penso que desta vez o brainstorm da equipe publicit?ria respons?vel pela pe?a ao lado ultrapassou os limites.
A come?ar pela foto. Algu?m a? discorda que ela ? no m?nimo impr?pria para estampar um cartaz que, se se deseja massiva divulga??o, estar? pregado por incont?veis lugares p?blicos e privados? N?o, ela n?o ? problem?tica porque ? um homem, posto que a imagem de uma mulher, nas mesmas condi??es, pode ser vi?vel para poster de filme, mas tamb?m penso ser inapropriada para uma campanha governamental. Mas quando voc? acha que n?o d? pra piorar voc? nota os dizeres: Fa?a o que quiser mas fa?a com camisinha. Brilhante! N?o h? frase melhor pra se estampar em uma campanha governamental sustentada com dinheiro do contribuinte. O que me faz voltar ? mem?ria a minha id?ia de as pessoas levam as id?ias muito pouco a s?rio. O que se deveria pensar a partir de uma campanha dessa? Ao inv?s de se propor h?bitos mais saud?veis em geral, conscientiza??o quanto ? sexualidade, seriedade em rela??o ao assunto, a l?gica subjacente ? estrat?gia do governo chega a inspirar raiva pela falta de senso. O que est? por detr?s deste discurso ? a premissa de que, j? que h? a impossibilidade de se formar pessoas que tratem sua vida sexual com responsabilidade ergo devemos t?o somente consentir com este fato e at? incentivar que se tenha um comportamento absolutamente desregrado contanto que voc? se proteja, o que, como se v?, absolve o governo de maiores responsabilidades.
Agora pense comigo: imagina se f?ssemos ser coerentes e levar esta l?gica at? o fim. Onde chegar?amos? Quais precedentes n?o seriam abertos em nome de uma aceita??o (que mais parece fracasso)? Aqui deve-se notar duas coisas:
– Novamente, deve ficar claro que o problema n?o ?, de maneira alguma, o foco da campanha nos homossexuais, mas o tipo de abordagem do governo em rela??o ao assunto;
– O que a princ?pio parece um ato louv?vel de extrema preocupa??o do Minist?rio da Sa?de ?, na verdade, manifesta??o de descaso. Assume-se de bom grado a incapacidade de executar um plano de forma??o de cidad?os que sejam cientes de sua sexualidade e das responsabilidades que ela acarreta para consigo e para com os outros. Assim, o “fa?a o que quiser mas fa?a com camisinha” se aproxima muit?ssimo de argumentos como o de certos pais “paternalmente” doentes que, n?o conseguindo educar os “filhotes” e acometidos de uma permissividade rid?cula se abst?m de estabelecer normas e aconselham: “meu filho, besteira na vida todo mundo faz, mas v? se se cuida…”
E voc?, o que acha?
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Eu acho que existem diversos pontos de vista.
A campanha foi muito bem bolada, eu acredito que a id?ia do minist?rio era realmente deixar livre para que as pessoas decidam se querem ou nao fazer sexo e com quem, como ? previsto na declara??o dos direitos sexuais, por isso o Slogan “Fa?a o que quiser, mas fa?a com camisinha” ? claro que junto a essa campanha tem o plano de a??es do governo que busca combater a aids das outras formas, atr?ves de trabalhos com pessoas vulneraveis (gays, HSH e Travestis) por isso n?o est? abandonando o lado de ajudar no empoderamento dos/as cidad?os brasileiros. Quanto aos materiais, para uma sociedade hipocrita que acredita que n?o exitem gays e que jovens n?o transam realmente ? pertubador, mas acho que j? est? na hora de ver a sexualidade n?o como algo proibido. Um exemplo de campanha muito Legal ? o site da campanha do carnaval que ? o http://www.qualsuaatitude.com.br , onde ? um espa?o de discuss?o e informa??o que pode ser utilizado em qualquer parte do pa?s.
Pois ? Ivens. Duas coisas:
a) A princ?pio, nada contra os h?bitos sexuais das pessoas. Entretanto, ser? que aquilo que est? por tr?s do slogan da campanha n?o aponta para uma dimens?o muito maior do que o mero respeito ? op??o sexual?
b) N?o se trata de ver a sexualidade como algo proibido ou n?o. O fato ? que a lei prev? crimes como atentado ao pudor ou ultraje p?blico ao pudor e a cena do cartaz d? margem a este tipo de leitura, sobretudo em se tratando de um cartaz do governo. Ser? que porque a sexualidade n?o deve ser proibida ela deva ser escancaradamente exibida?
Abra?os e obrigado pelo coment?rio.
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